Quando Deus chama um indivíduo a uma obra, fá-lo em virtude de um plano. Nós extraímos do passado ensino, orientação e encorajamento. O que Deus fez é o penhor do que ainda fará. Assim como o património de uma família ou de uma nação deve ser conhecido e honrado, é vital que a herança de uma obra de Deus também o seja. Nós apossamo-nos das palavras do salmista: “Escutai, povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei os meus olhos em parábolas, e publicarei enigmas dos tempos antigos. O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram os nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor e o Seu poder e as maravilhas que fez.” Salmo 78:1-4. 

A história da Acção Bíblica compreende três fases: a fase do nascimento, a fase do fortalecimento e da fase de expansão.

1. Nascimento (1901 – 1924)

Hugh Edward Alexander
1884-1957
Fundador da AB

A génese da Acção Bíblica esteve na conversão do seu fundador, Hugh Edward Alexander (1884-1957) em 1901, e no desabrochar da sua vocação. 

1904-1906 Os marcos desse desabrochar estavam nos dois anos de curso no Instituto Bíblico de Glasgow e no reavivamento do País de Gales. Durante este período, afirmou-se a necessidade irresistível do testemunho, a visão missionária e o engajamento no combate pela fé. Essas três linhas mestras estavam contidas nos três imperativos de Actos 1:8; Génesis 13:14-15; Jeremias 1:18-19. 

1906-1913 Seguiram-se sete anos de profundos estudos das Sagradas Escrituras e orações perseverantes em Cologny, Suíça. Iniciaram-se os trabalhos com crianças, cursos de estudos bíblicos para adultos e pregações públicas da salvação em Jesus Cristo. A convite de pastores da Igreja Reformada, foram empreendidas campanhas de evangelização em várias partes da França. 

1913-1918 O ano de 1913 marcou o início das campanhas de evangelização na Suíça francesa, onde se manifestou o reavivamento, produzindo as vocações daqueles que constituíram a primeira geração da Acção Bíblica. Ainda que H.E. Alexander não tivesse a ambição de criar uma nova denominação, constatou que o terreno espiritual de certas igrejas não era propício para o desenvolvimento bíblico dos recém-convertidos e que não era possível entregar essas almas aos efeitos nocivos da teologia liberal que nelas era adoptada.

A partir de 1914, iniciou-se a publicação da revista mensal “Le Temoin”, revista da Aliança Bíblica, que imediatamente se definiu como um órgão defensor da fé. Em 1916, a publicação da brochura intitulada “Icabode” (I Samuel 4:1-22) separou os campos pela denúncia e pela condenação enérgica da chamada nova teologia, e que na verdade consistia na negação dos factos que são a própria essência do cristianismo: inspiração, inerrância e autoridade das Escrituras, divindade de Jesus Cristo, Verbo Eterno feito carne, expiação pelo sangue da Cruz, ressurreição corporal, glorificação à direita da Pai e regresso em Glória. 

Ao mesmo tempo H.E.Alexander abriu em Genebra, a primeira Casa da Bíblia, que tinha o nome de: Depósito das Escrituras Sagradas e Escritório de publicações da Aliança Bíblica. 

A publicação de “Icacode” suscitou mais oposição religiosa. Os convertidos foram reunidos e firmemente edificados na fé bíblica. Isso preparava o momento em que a Aliança Bíblica iria se tornar Acção Bíblica.

1919-1924 H.E. Alexander tinha o desejo de abrir a primeira Escola Bíblica de língua francesa e orou por este assunto durante 13 anos. A resposta veio em 1919, no Ried perto de Bienne, graças a uma propriedade posta à sua disposição por uma família conhecida. Cinco turmas foram ensinadas ali e daí saíram distribuidores porta-a-porta de bíblias, e evangelistas. Muitos alunos se estabeleceram no estrangeiro na sua profissão para testemunhar da sua fé.

Em 1924 a oposição religiosa, exacerbada, tentou, obtendo apoio das autoridades civis, obter a expulsão de H. E. Alexander do território suíço. Mas quando a sua inocência foi reconhecida, a manobra fracassou. A arma forjada contra o embrião da Obra não prosperou (Isaías 54:17). Esse momento doloroso ia contribuir para o fortalecimento do que era nascido do Alto e que os homens não puderam destruir (Actos 5:38-39).

2. Fortalecimento (1925-1940)

Vimos quais foram os efeitos da tomada de posição teológica de H. E Alexander: delimitação dos campos religiosos e reagrupamento daqueles que queriam se manter fieis à Palavra de Deus. Sem este ponto definido de partida, a Acção Bíblica não existiria.

Durante todo o seu ministério o fundador manifestou uma teologia inequívoca. Isso exprimiu-se claramente em relação ao racionalismo, ao pentecostalismo, e mais tarde ao neomodernismo e ecumenismo. No plano interno, o fundador quis saber com quem podia contar (Juízes 7:1-8). Com este intuito, redigiu o “Manual de Instrução para os membros da Acção Bíblica”. Este livreto expunha a natureza da Acção Bíblica, a sua missão no mundo e no seio da Igreja de Jesus Cristo, com os símbolos da trombeta da tocha e da espada. (Juízes 7:15-23). A trombeta referia-se ao testemunho, a tocha à difusão da Palavra de Deus e a espada ao bom combate da fé. 

Com essas bases bem claras, o autor redigia a declaração de fé (reproduzida neste manual com mínimas alterações) e para concluir realçava os princípios da consagração, da disciplina, da lealdade, da associação de coração e de facto. 

Continuando esta tarefa de organização, H. E. Alexander designou um corpo de presbíteros, iniciou a redacção dos boletins de informação missionária para alimentar as reuniões de oração dos membros e abriu a Casa da Bíblia de Paris em 1925. Distribuidores de materiais bíblicos partiram para a França. Tudo isso era a confirmação da Obra e propósito de que os laços adversos que tinham tentado sufocá-la estavam rompidos. 

Após os acontecimentos de 1924 que se desenvolveram em Bienne (tentativa de expulsar H. E. Alexander do território Suíço), o futuro da Escola Bíblica foi um assunto de preocupação. No início de 1926 H. E. Alexander recebeu a convicção de que a nova Escola Bíblica abriria em Cologny, perto de Genebra, no lugar da sua conversão. As coisas então aconteceram rapidamente. Os presbíteros foram informados da decisão de comprar um terreno em Cologny. O acto da compra foi assinado em Fevereiro e uma brochura a solicitar fundos para a construção suscitou um impulso maravilhoso de liberalidade. Era necessário reunir 410.000 francos suíços. Menos de dois anos mais tarde a Escola estava terminada e completamente paga pelas ofertas. A casa foi consagrada a Deus sob inspiração de Isaías 54:2-3 e a propriedade da Escola Bíblica recebeu o nome de “Le Roc”, em 1928, enquanto acolhia alunos da sexta turma. 

Esta construção representava mais um ponto de partida do que um término. Outros campos missionários foram atingidos, por exemplo: Itália, Jugoslávia, Espanha, Portugal, Norte da África, Egipto, Líbano, Índia, Ásia Central. Outras casas da Bíblia foram abertas. 

Em 1930 nasceu a “Milícia da Acção Bíblica”, hoje “Juventude da Acção Bíblica” (ou JAB). Começaram então, na França, os acampamentos para adolescentes onde se converteram e se consagraram a Cristo centenas de rapazes e raparigas. Antes da 2ª guerra mundial Deus deu grandes oportunidades de difusão da Bíblia: onze mil exemplares vendidos na exposição Colonial, quatro mil e quinhentos na exposição Internacional e catorze mil nos boulevards de Paris. 
Assim, entre 1924 e 1940, Deus colocou a Obra em terreno firme, deu-lhe uma estrutura e em seguida segurança para a expansão. Esta fase de fortalecimento precedeu e garantiu o “alongamento das cordas e o alargamento do espaço da tenda” (Isaías 54:2-3). Se as estacas não estivessem firmes, a “tenda” não poderia ser alargada. 
Durante esse período, igrejas locais nasceram e desenvolveram-se principalmente na Suíça, na França, e em Portugal, onde o desenvolvimento foi característico.

3. Expansão (desde 1940)

A partir da primavera de 1940, a Suíça viu-se cercada pelas potências inimigas. H. E. Alexander teve a convicção de que devia empreender à impressão e edição das Sagradas Escrituras para suprir as necessidades dos países de língua francesa completamente privados da Palavra de Deus. 
Ele criou a Sociedade Bíblica de Genebra, que passou a controlar as Casas da Bíblia. Esta obra ganhou uma grande extensão e não parou de crescer. Em cinquenta anos, dois milhões de Bíblias foram imprimidas. Além das Bíblias, Deus confiou-nos um ministério de publicação de obras de evangelização e edificação, além de revistas para crianças, adolescentes e adultos. Assim, a Acção Bíblica assume responsabilidades em relação ao Corpo de Cristo na edição da Palavra de Deus. 

O ano de 1944 foi o da criação do corpo de Portadores de Armas (jovens de 18 a 25 anos, hoje conhecida como JAB Sénior). Dentro do exemplo histórico de Jónatas, o fundador viu um símbolo da associação entre jovens e adultos na batalha espiritual, os jovens necessitando de conselhos, de formação e protecção, e os adultos dedicando-se à posteridade espiritual e beneficiando da contribuição de forças novas. Esta posteridade foi chamada para trabalhar nos campos missionários abertos pelos pioneiros da obra. 
Aos campos já mencionados, juntaram-se primeiro o Brasil, depois o Oeste Africano.

Os acampamentos para crianças na propriedade da Escola Bíblica de Genebra foram inaugurados em 1962 e os acampamentos para Portadores de Armas em 1964. 

Os cursos bíblicos para adultos aumentaram a favor das pessoas de língua alemã e desde 1975 também para as de língua italiana. Sem entrar nos detalhes das várias etapas da nossa implantação Africana (como o desabrochamento do trabalho perseverante de distribuição de material bíblico), damos a data de 1959-1960 como ponto de partida do ministério na Costa do Marfim e no Senegal. 

Entre os anos de 1966 e 1984, a Acção Bíblica reduziu progressivamente o número de colaboradores na África (Argélia, Marrocos e Senegal) mas desenvolveu a suas actividades em Abdjam. 

No Brasil a obra começou com um depósito das Sagradas Escrituras (1931). Continuou com o aluguer de uma loja transformada em Casa da Bíblia (1938). Desde 1951, a Casa da Bíblia está instalada no pleno centro de São Paulo e esse ministério foi o ponto de partida do trabalho missionário e da a abertura de outras Casas da Bíblia. 

Produziu-se assim uma reacção em cadeia, o fruto segundo a espécie apareceu e o tríplice carácter da vocação da Obra foi manifestado em aproximadamente trinta anos. 

Após ter combatido o bom combate, ter completado a carreira e guardado a fé, o fundador foi chamado por Deus no dia 8 de Abril de 1957. Desde então a Obra não somente subsistiu, mas espalhou-se. 

Muitos ex-alunos da Escola Bíblica de Genebra trabalham na sua profissão e testemunham do Senhor Jesus; alguns servem ao Senhor em tempo integral em outras obras.

Durante meio século a maioria dos servos e servas de Deus que desenvolveram o trabalho da Acção Bíblica na Europa e nos outros continentes vinham das igrejas da AB da Suíça e da França. Estes dois países foram também o sustentáculos financeiro da obra. 

Agora, o conjunto das igrejas de cada país está chamado a assumir as suas responsabilidades, mantendo ao mesmo tempo laços estreitos com a Direcção Internacional. 

Desde 1965 que a Acção Bíblica na Suíça está constituída como Associação, segundo o código civil Suíço. No decorrer do tempo, os diversos países tiveram a sua própria estrutura jurídica nacional. 
 
Os nossos olhos estão voltados para o futuro, onde Deus nos quer conduzir em obras maiores tanto em profundidade como em extensão, esperando que o Espírito de Vida que está em Jesus Cristo nos anime e nos mantenha fiéis para com Deus e fiéis à vocação que Ele nos deu.

5. Anos Importantes

  • 1884. Nascimento, na Escócia, de Hugh Edward Alexander, fundador da Acção Bíblica. 
  • 1901. Conversão de H. E. Alexander.
  • 1904-1906. H.E. Alexander passa dois anos no Instituto Bíblico de Glasgow, na Escócia (Bible Training Institute). O reavivamento do País de Gales repercute-se em Glasgow e atinge H. E. Alexander. 
  • 1906-1913. H.E. Alexander mora com uma tia em Cologny, perto de Genebra. 
  • 1907. Primeiras campanhas de evangelização na França: Haute-Loire, Gard, País de Montbleliard. 
  • 1907-1911. Trabalho com crianças, reunindo até 500 crianças no “Salão Central” de Genebra. 
  • 1910. Começo dos cursos bíblicos na região do Lago Lemano. 
  • 1911. Primeira edição do hinário “Cânticos de Vitória” parcialmente traduzido das composições de Moody e Sanker. Os hinos compostos por H. E. Alexander são dinâmicos e populares. 
  • 1913. Começo de um reavivamento na Suíça francesa. Deus abençoa as campanhas de evangelização de H.E. Alexander. Em La Chaux de Fonds, reunião de 3000 pessoas; em Nêuchatel, evangelização durante várias semanas. 
  • 1914. Primeira edição da revista “Le Temoin” (A Testemunha), jornal da Aliança Bíblica
  • 1916. Publicação da brochura intitulada “Icabode” (foi-se a Glória de Israel, cf I Samuel 4:1-22) denunciando o liberalismo teológico. 
  • 1919. Abertura da Escola Bíblica de língua francesa, no Ried sob Bienne. O primeiro ano acolhe 12 alunos, o segundo 24; em 1924 já havia 64 alunos. Sucedem-se cinco cursos no Ried. Numerosos alunos estabelecem-se no estrangeiro, com a sua profissão, para ali testemunhar da sua fé. 
  • 1924. Detenção de H. E Alexander por algumas horas em decorrência de acusações difamatórias, mas logo as autoridades e a imprensa o libertam. 
  • 1925. Abertura da Casa da Bíblia de Paris (o comissário Peyron, do Exército da Salvação, tem a ideia de chamar “Casa da Bíblia” ao depósito de Bíblias). Antes da segunda guerra mundial Deus dá muitas oportunidades de difundir a Bíblia: 
  • Venda de 11.000 Bíblias na Exposição Colonial de Paris (1931). 
  • Venda de 4.500 Bíblias na Exposição Internacional (1937) e mais de 14.000 Bíblias nas grandes avenidas de Paris. 
  • Começo de um trabalho missionário na região de Lisboa e no Sul de Portugal. 
  • 1926. Decisão de construir uma escola bíblica em Cologny. Abertura da Casa da Bíblia na cidade de Genebra. 
  • 1928. Abertura da Escola Bíblica de Genebra no “Le Roc”, em Cologny, para a sexta turma curso, com 30 alunos. 
  • Vários obreiros são mandados para diversos campos missionários: Itália, Jugoslávia, Espanha, Portugal, Norte da África, Egipto, Líbano, Índia, Ásia Central. Propagação das Santas Escrituras, pregação do Evangelho, estudos bíblicos e reuniões de oração. 
  • 1930. Fundação da “Milícia da Acção Bíblica”, hoje é a “Juventude da Acção Bíblica“, primeiro acampamento para adolescentes na França. 
  • 1932. Abertura de um depósito das Sagradas Escrituras no Brasil que se torna a Casa da Bíblia em 1938. 
  • 1932-1933. Abertura das Casas da Bíblia de Zurique, Génova, Casablanca e Orã. 
  • 1936. Compra da casa “des Echenaz” em Les Contamines, nos Alpes de Haute Savoie (França), para abrigar os acampamentos da juventude. 
  • 1940. Fundação da Sociedade Bíblica de Genebra. Começo da impressão e da edição das Sagradas Escrituras. 
  • 1941-1945. Propagação de 200.000 Bíblias na França, ocupada pelos exércitos nazis. Impressão da Bíblia Schlachter (em alemão). 
  • 1943. Compra do Berghaus em Isenfluh (nos Alpes suíços), para acampamentos de jovem e cursos bíblicos. 
  • 1944. Fundação dos Portarores de Armas (jovens de 18 a 25 anos) 
  • 1951. Mudança da livraria brasileira para o centro de São Paulo; ponto de partida para a fundação de várias Casas da Bíblia e igrejas no Brasil. 
  • 1954. Impressão da Bíblia italiana. 
  • 1957. Partida para a pátria celestial de Hugh Edward Alexander, com 73 anos. 
  • 1959. Começo do trabalho na Costa do Marfim. 
  • 1960. Trabalho missionário no Senegal (África) ate 1984. 
  • 1974. Compra e renovação de uma casa em Pradella/Schuls (na Suíça alemã), para acampamentos de jovens. 
  • 1960-1990. Desenvolvimento dos três ramos da Acção Bíblica: 
  • Actualmente a Acção Bíblica tem cerca de cinquenta igrejas: Suíça – França – Itália – Portugal – Costa do Marfim – Bolívia – Brasil – S. Tomé e Príncipe. 
  • Existem também Casas da Bíblia em 3 continentes: Europa – África – América do Sul.

6. Objectivos da AB

  • Expansão do Evangelho.
  • Criação de Igrejas locais “missões”.
  • Formação pastoral e missionária.
  • Trabalho entre os jovens.
  • Tradução, edição da bíblia e difusão em todas as línguas.
  • Publicação de literatura e de jornais.
  • Trabalho na área das novas tecnologias e internet.